Por Wesley Vaz[1]
Introdução
O processo de contratações públicas tem sofrido mudanças profundas devido ao avanço tecnológico e à crescente digitalização. No sistema S brasileiro, que engloba instituições como SESI e SENAI, a tecnologia não apenas modifica a maneira de contratar, mas também o objeto contratado. Este artigo discute os desafios e oportunidades trazidos pela transformação digital nas contratações públicas do sistema S, analisando o impacto da inteligência artificial, as dificuldades e potencialidades na elaboração de termos de referência e a adaptação dos profissionais às novas exigências do mercado.
1. Tecnologia como Objeto e Instrumento nas Contratações Públicas
A tecnologia tem se tornado cada vez mais presente nos processos de contratação pública, deixando de ser apenas um instrumento auxiliar e assumindo, em muitos casos, o papel de objeto a ser contratado. Soluções inovadoras e viáveis têm sido desenvolvidas para atender às demandas inéditas e melhorar a eficiência dos processos. Além disso, o impacto da tecnologia nas atividades profissionais tem sido cada vez mais intenso, exigindo que os profissionais se adaptem às novas realidades do mercado.
As contratações públicas no sistema S enfrentam demandas inéditas, como a aquisição de soluções em inteligência artificial, análise de dados e automação de processos. Um exemplo concreto disso é a contratação de sistemas de gestão integrada, que permitem obter um conjunto de benefícios e maior controle e eficiência na administração dos recursos das instituições. A busca por soluções viáveis e inovadoras requer um conhecimento atualizado das tecnologias disponíveis e uma compreensão aprofundada de suas aplicações práticas.
Os profissionais envolvidos nas contratações públicas precisam estar preparados para lidar com as mudanças trazidas pelo movimento de transformação digital. Isso envolve a compreensão das novas demandas, a atualização constante sobre as soluções tecnológicas existentes e a capacidade de avaliar os benefícios e riscos associados a cada contratação. Um exemplo disso é a contratação de serviços de armazenamento em nuvem, que demanda uma compreensão clara das necessidades de segurança da informação, da legislação e jurisprudência aplicáveis e dos requisitos técnicos exigidos.
A propósito, a integração entre tecnologia e legislação é fundamental para garantir a conformidade das contratações e evitar inconformidades. Os profissionais do sistema S devem estar atualizados sobre as leis e jurisprudências vigentes, preparados para a executar os processos de contratação e alinhados com as diretrizes e normas técnicas aplicáveis às tecnologias contratadas.
2. Inteligência Artificial e o Potencial Transformador nas Contratações Públicas
A inteligência artificial (IA) vem ganhando destaque no cenário das contratações públicas, apresentando soluções surpreendentes e revolucionando a maneira como os processos são conduzidos. O chatGPT, por exemplo, é uma aplicação avançada de IA que pode gerar termos de referência em segundos, além de fornecer respostas atualizadas e contextualizadas sobre teses jurídicas.
O uso dessa tecnologia tem o potencial de tornar o processo de contratação pública mais ágil e eficiente, melhorando a qualidade das contratações e a conformidade com as leis e jurisprudências vigentes. Por exemplo, a IA, desde que adaptada a um contexto específico, pode ser utilizada para identificar padrões em licitações passadas e prever os riscos de contestações, fornecendo aos profissionais informações valiosas para aprimorar futuras contratações.
Além disso, a IA pode auxiliar na análise e comparação de propostas de fornecedores, identificando automaticamente aquelas que atendem aos requisitos técnicos e apresentam a melhor relação custo-benefício. Um exemplo prático dessa aplicação é a análise de propostas para a contratação de serviços de manutenção predial, em que a IA pode comparar e classificar as propostas com base em critérios como preço, experiência e capacidade técnica.
No entanto, a adoção de inteligência artificial nos processos de contratação pública também apresenta diversos desafios e riscos. A crescente dependência das soluções tecnológicas e as imperfeições dos seus resultados não identificada exige que os profissionais do sistema S estejam preparados para lidar com as mudanças e se adaptem às novas realidades do mercado. Aqueles que souberem aproveitar as oportunidades proporcionadas pela IA e se manterem atualizados sobre as novas tecnologias e soluções disponíveis poderão buscar de maneira mais inteligente a eficiência e a efetividade.
Um dos pontos mais importantes envolve a colaboração entre profissionais de diferentes áreas e especialidades é fundamental para aproveitar ao máximo o potencial da IA nas contratações públicas. A combinação de conhecimentos em tecnologia, legislação e gestão de contratos pode resultar em soluções inovadoras e eficientes para enfrentar os desafios trazidos pela transformação digital.
3. Adaptação às Novas Exigências do Mercado e o Futuro das Contratações Públicas
A transformação digital impõe desafios e oportunidades no sistema S, exigindo que os profissionais se adaptem e evoluam continuamente. A seguir, destacamos os principais aspectos dessa adaptação e como eles impactam o futuro das contratações públicas.
3.1. Capacitação e atualização profissional
A capacitação e a atualização constantes são fundamentais para garantir que os profissionais do sistema S estejam aptos a lidar com as mudanças trazidas pela tecnologia e possam tomar decisões informadas no processo de contratação. Cursos, workshops e eventos relacionados à tecnologia e inovação aplicadas aos processos de contratação podem ser úteis para ampliar o conhecimento e a compreensão sobre as novas soluções e tendências do mercado.
3.2. Foco na inovação e na busca por soluções eficientes
A busca constante por inovação e eficiência deve ser uma prioridade para garantir que as contratações públicas sejam realizadas de forma ágil e em conformidade com as leis e jurisprudências vigentes. Um exemplo de inovação é a utilização de blockchain para garantir a rastreabilidade e transparência em processos de licitação, permitindo maior confiabilidade e segurança nas contratações.
3.3. Colaboração entre áreas e profissionais
A natureza interdisciplinar das soluções tecnológicas demanda uma maior colaboração entre profissionais de diferentes áreas. O sucesso das contratações públicas no sistema S dependerá, cada vez mais, da capacidade de estabelecer parcerias e compartilhar conhecimentos entre profissionais de diferentes setores, como TI, jurídico, financeiro e administrativo.
3.4. O papel da IA e o futuro das contratações públicas
A inteligência artificial tende a ameaçar a posição daqueles profissionais que não utilizá-la a seu favor, agregando mais valor às suas funções. No entanto, a IA também pode ser uma aliada, fornecendo informações valiosas e auxiliando na tomada de decisões mais eficientes e embasadas. O futuro das contratações públicas estará cada vez mais ligado à adoção e ao uso estratégico dessas tecnologias.
Conclusão
A transformação digital nas contratações públicas no sistema S brasileiro traz consigo desafios e oportunidades significativos. Aqueles profissionais que souberem se adaptar às novas exigências do mercado e utilizarem a tecnologia a seu favor estarão em uma posição privilegiada para contribuir para o avanço das contratações públicas no sistema S e garantir a conformidade da sua atuação e a eficiência e efetividade de suas instituições.
[1] Wesley Vaz possui certificado executivo em estratégia e inovação pelo MIT, é mestre em Ciência da Computação pela Unicamp e MBA em gestão empresarial pela UCG. Atualmente, ocupa o cargo de Secretário de Gestão de Informações para o Controle Externo do TCU. Fundador do blog República Digital, é entusiasta da transformação digital das instituições, das pessoas e da gestão da inovação em ambientes governamentais. Conferencista em eventos nacionais e internacionais, é autor do livro “A descomplicada contratação de TI na Administração Pública”. Também publica artigos em periódicos e revistas técnicas. Vaz foi ainda Coordenador-Geral do Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro do Ministério da Justiça.