Errar é humano, mas ninguém gosta de errar. Quando o erro só a nós afeta, ficamos “P” da vida e juramos nunca mais. Quando prejudicamos alguém, ficamos arrasados. Se o erro acontece no trabalho, além de tudo isso, ficamos envergonhados, sujeitos a julgamentos e a outras consequências nada agradáveis. Mas, existe um lugar em que o erro é bem-vindo: o ambiente da inovação.
A inovação não ocorre da noite para o dia. Tudo bem que uma ideia pode surgir num sonho – eu mesma já escrevi artigos inteiros enquanto dormia, acordei desesperada por papel e caneta, com medo de abrir os olhos e esquecer de algum detalhe. Mas, quando seguimos em frente para validá-la, o que pensávamos estar perfeito pode se mostrar impreciso, nos forçando a retroceder, repensar e ajustar. Na inovação, quanto mais ousada e disruptiva a ideia, maiores são as chances de erro. Experimentar é uma fase crucial, pois só colocando em prática para ver o que acontece. É a oportunidade para corrigir, alinhar, melhorar o caminho até o objetivo. Então, errar faz parte; é aprendizado e evolução, não derrota.
Se você está pensando que teria que nascer de novo para aceitar isso, fique sabendo que também já pensei assim. Haja coragem para ser imperfeito! Se lançar na busca pela inovação é meio que deixar cair o manto da vaidade, ficar voluntariamente na vidraça sem se preocupar com as críticas, tudo em favor da causa. Aliás, é preciso aceitar e acolher as críticas, esquecer os pronomes possessivos, reconhecer quando outros, além de você, agregam ao produto final. Ser humilde, mesmo com o pódio logo ali… Uau. Talvez não sejamos, mesmo, capazes!
Na compra pública, então, o medo de errar está colado nas consequências. “Posso errar, mas não muito”, quase que um erro consciente. Sim, isso existe e posso dar um exemplo. Todo MUNDO sabe das limitações e dificuldades de desvendar uma solução por meio de um estudo preliminar. Se a questão principal é econômica, então, a assimetria de informações público X privado pode ser decisiva. A turma da UFSC entendeu isso e mandou muito bem: para ter certeza de que contratar um dado serviço diretamente por 24 meses era vantajoso, buscaram a resposta na própria licitação. O edital previu dois lotes concorrentes, um com prazo inicial de 12 meses, prorrogável por até 60, e outro com 24, prorrogável por uma vez. Se não desse certo, bastaria anular a licitação, sem danos colaterais. Uma solução inteligente, mentada coletivamente, aplicada com responsabilidade.
Sendo assim, medo de quê?