CIDADANIA CORPORATIVA, SUA EMPRESA TEM? (PARTE I)

Está cada vez mais em evidência a responsabilidade dos diferentes agentes de governança diante de temas como sustentabilidade, corrupção, fraude, abusos nos incentivos de curto prazo para executivos e investidores, além da complexidade e multiplicidade de relacionamentos que as organizações estabelecem.

Contudo, sabemos que no exercício da governança corporativa, os temas tratados muitas vezes são subjetivos e ambíguos, o que demanda dos agentes de governança forte capacidade de avaliação, fundamentação e julgamento. A consideração do perfil de risco, o entendimento dos papéis dos agentes de governança e o uso de critérios éticos são essenciais para que sejam tomadas decisões mais equilibradas, informadas e refletidas.

Hoje, na nossa concepção, a governança impõe às pessoas jurídicas o exercício da seguinte tríade: “Atuação responsável – Accountability – Cidadania Corporativa”

Honestidade, integridade, responsabilidade [1], independência, visão de longo prazo e preocupação genuína com os impactos causados por suas atividades [2] são fundamentais para o sucesso duradouro da organização.

São os 6 elementos mínimos que, considerados em toda tomada de decisão, levam a uma deliberação ética, pois proporciona o bem comum de todos os envolvidos. Em resumo, gera “sociabilidade corporativa”.

Os critérios éticos fundamentam-se em princípios e valores que, por sua vez, constituem elementos da própria identidade da organização. A clareza sobre essa identidade é fundamental para que os agentes de governança possam exercer adequadamente seus papéis, alinhando a estratégia traçada e a ética.

Assim, poderíamos considerar a “Identidade Corporativa” como a combinação entre sua razão de ser e a forma como são tomadas as decisões. Quando se alcança um status de “Cidadania Corporativa”, demonstra-se que aquela determinada organização em seus atos/deliberações já consolidou sua identidade corporativa, agindo reiterada e constantemente com coerência entre o pensar, o falar e o agir, o que acaba por reverberar na sua reputação e cultura organizacional. E aí, ao final de contas, sua empresa já tem ou não status de “Cidadania Corporativa”?

No próximo texto a ser publicado aqui no blog da JML, iremos fazer uma abordagem quanto ao estímulo do uso consciente e efetivo dos instrumentos de governança, focando a essência das boas práticas, que são capazes de alinhar interesses dos sócios (sociedade) com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização (ou seja, sua perenidade).

Até lá!

Prof. Thiago Bueno de Oliveira.


[1] As principais decisões devem ser adequadamente fundamentadas, registradas e passíveis de verificação pelas devidas partes interessadas. Por isso, defendemos a habitualidade da motivação de todos atos praticados, inclusive os caracterizados como vinculantes.
[2] Esse elemento ajuda na mitigação da “tragédia do bem comum”, retratada muito bem pela ilustração filosófica do “dilema do prisioneiro” elaborado pela instituição Research and Development (RAND) e posteriormente pelo Prof. Alber W. Tucker. 

Thiago Bueno de Oliveira

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