O PODER DA LINGUAGEM NO PROCESSO DE CONTRATAÇÃO PÚBLICA: COMO VOCÊ SE COMUNICA?

Falei outro dia sobre a plain language nos editais. Quero continuar com a provocação, para que possamos repensar a comunicação que envolve a contratação pública.

É claro para nós, em relação ao processo de contratação pública, que ele é multidisciplinar; possui fases com objetivos próprios; seja em estruturas maiores ou menores, há participação de diversos atores; o resultado depende da atuação conjunta dos envolvidos. Em um cenário como esse, a comunicação interna é elemento fundamental, concordam? Porque, então, nunca paramos para pensar nos problemas sob esse prisma? Falamos em eficiência e eficácia sem avaliar os impactos produzidos pela maneira como os atores se comunicam!

A comunicação interna pode fracassar por vários motivos, mas existem dois que tem tudo a ver com a realidade do processo de contratação pública. O primeiro está relacionado com o fato de que linguagem é poder. Algumas pessoas falam difícil, rebuscadamente, abusando de expressões técnicas. Isso aparenta superioridade, mas prejudica a compreensão. Outras transmitem mensagens de forma parcial, insuficiente e imprecisa, ao intuito de evitar a suposta perda do poder pela transferência de conhecimento, o que interfere diretamente nos resultados. O segundo, tem a ver com o que a Psicologia chama de “maldição do conhecimento”: profissionais muito especializados, depois de um certo tempo, não conseguem mais descer ao nível zero e falar a linguagem do interlocutor. O diálogo não se estabelece, o interlocutor “fica boiando” e o processo para ou perde a agilidade.

No ambiente da compra pública, não é difícil imaginar a linguagem sendo modulada pelo cargo ou função, encontrar quem parece fazer questão de não ser compreendido ou que complica mais do que explica, assistir a embates entre setores técnicos – como o clássico e eterno advogados X engenheiros – e ficar as voltas com normas prolixas. Precisamos substituir chefes, “doutores” e técnicos “amaldiçoados” por líderes e especialistas empáticos. E, se a questão é o poder, a comunicação clara, simples e consciente é a comunicação que empodera de verdade, porque possibilita o alcance dos resultados!

Aliás, conta-se por aí que um funcionário da FedEx, quase no fim das entregas do dia, teve um problema no veículo que dirigia. Fiel à promessa de agilidade e rapidez da empresa, continuou as entregas a pé. Percebendo que não daria tempo, conseguiu convencer um entregador da empresa concorrente a lhe dar uma carona! Dá para imaginar o tamanho do poder desse cara?

E você, como se comunica?

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