RANKING DE FORNECEDORES PÚBLICOS. VOCÊ JÁ OUVIU FALAR?

ranking de fornecedores é uma estratégia utilizada pelas gigantes do mercado privado para reduzir riscos e custos nas transações. Os fornecedores são selecionados a partir de certos critérios, os quais também garantem um perfil alinhado à missão e aos valores da organização. Seu desempenho é avaliado periodicamente e o ranking, atualizado. Como consequência, há o aumento do mercado competitivo, pois cada vez mais empresas buscam atender aos critérios que levem à contratação, com manutenção ou melhora de posição. O pulo do gato é que este processo obriga o fornecedor a se manter no ranking para não ser alijado, naturalmente, dos melhores contratos, superado pelos seus concorrentes, classificado como empresa de segunda linha, rumo ao fracasso comercial.

Alguém achou parecido com a lógica dos contratos públicos? Afinal de contas, temos seleção segundo critérios, fiscalização contratual e aplicação de sanções para impedir novas contratações. Mas, porque os resultados são tão diferentes? A resposta é uma só: porque o ranking de fornecedores respeita a lógica de sobrevivência imposta pelo próprio mercado. Simples assim. Já nossa mecânica de aplicação de sanções tem como base a supremacia do interesse público. Não funciona faz tempo e não é difícil entender porque: as regras não são suficientemente claras; há dependência da atuação do fiscal do contrato; em decorrência dos motivos anteriores e da falta de conhecimento, a maioria não aplica sanções; quando um aplica, outros não ficam sabendo; o mercado privado sempre será uma alternativa, já que as sanções administrativas não lhe trazem qualquer reflexo.

Precisamos reconhecer o fracasso onde ele habita. Em tempos de mudança, porque não começar a agir como as grandes corporações do mercado privado, ranqueando nossos fornecedores? Porque não deixar o mercado se autorregular? Não significaria abrir mão do poder punitivo, mas testar uma nova forma de obter os resultados pretendidos.

Quando comecei a escrever esse texto, meu objetivo era divulgar um case de sucesso: o Ranking de Fornecedores do Grupo CEEE. Desde 2013, há um sistema de avaliação pautado em critérios como pontualidade, qualidade, segurança e documentação. O fornecedor mal avaliado pode apresentar um plano de ação corretivo, afirmando seu empenho em melhorar o atendimento das demandas. A avaliação média superior a 8,0 é a porta de entrada para o ranking do Grupo, disponível para consulta no site. Não há impacto em futuras licitações, nem nos contratos correntes. É praticamente um acordo de cavalheiros, um compromisso moral do fornecedor para com a contratante, que será reconhecido pela sua figuração pública entre os melhores. Um ativo para o fornecedor. Uma inovação que merece ser escalada.

Agora, só consigo concluir pensando em como uma mudança legislativa nesse sentido poderia ser um grande passo adiante. Pensar no ranking com uma ferramenta de retroalimentação do ciclo da compra pública, com efeitos na fase de seleção do fornecedor, para fins de desempate, aplicação de preferência, pontuação técnica…

Enfim, certo sempre esteve Einstein: é insanidade continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

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